quinta-feira, 3 de abril de 2008

Devil May Cry 4 - O choro do demônio

Ação frenética, duelos intensos, chefes gigantes e avalanches de inimigos marcam o quarto episódio da série.


Bater, cortar, atirar, picar, chutar, correr, desviar, pular, fatiar, dilacerar, atacar e fazer tudo de novo, muitas e muitas vezes. Embora pareça repetitiva, essa pode ser a descrição de Devil May Cry 4, game lançado recentemente para Xbox 360 e Playstation 3. Os três primeiros jogos da série, especialmente o primeiro e o terceiro, foram considerados sucesso de público e crítica. Na quarta edição, a Capcom trouxe algumas novidades, mas manteve intactas as principais características dos títulos anteriores: ação ininterrupta, hordas de inimigos, personagens marcantes, combates inesquecíveis e chefes monstruosos - em todos os sentidos.

Conheça os segredos do inferno de Devil May Cry 4

Confira as imagens do game

Porém, DMC4 quebra algumas tradições da franquia. Na primeira aparição na nova geração, o jogo deixa de ser exclusivo dos vídeo games da Sony, sendo também lançado para o rival da Microsoft. No PC, que já recebeu uma conversão de Devil May Cry 3, o quarto episódio está previsto para o dia 4 de junho nos Estados Unidos. Informátic@ testou as versões de PS3 e Xbox 360, que possuem diferenças quase imperceptíveis.

A segunda tradição quebrada está relacionada ao protagonista do game. Nos três primeiros jogos, Dante, filho do demônio Sparda, foi o grande herói. Mas, desta vez, o jovem Nero faz sua estréia como personagem principal. Muitos não gostaram da mudança, já que Dante tem um arsenal de movimentos e estilos de matança superiores aos de Nero. Porém, o novo protagonista não deixa por menos e também possui grande estilo para acabar com os inimigos. Para os fãs de carteirinha de Dante vale a notícia de que ele também é um personagem jogável de DMC4, embora sua participação seja curta e secundária.

A história começa em um culto de adoração ao lendário demônio Sparda, que no passado traiu sua raça para salvar os humanos da completa aniquilação. Durante a cerimônia, realizada pela Ordem da Espada, entidade que governa a cidade de Fortuna, Dante invade o local e assassina, a sangue frio, o grande sacerdote que conduzia o ritual. Nero, que testemunhou todo evento quase da primeira fila, ganha uma tarefa: perseguir Dante até os confins do inferno para acertar as contas. Ao longo da aventura, uma série de reviravoltas acontece, trazendo antigos personagens de volta, como Lady e Trishy, e apresentando novos, Agnus e Gloria, sempre com estilo marcante, especialmente as mulheres.


A grande atração de Devil May Cry 4 é matar os inimigos das maneiras mais espetaculares possíveis. Quanto mais golpes em seqüência (os chamados combos), mais divertido e cinematográfico fica o game. Ao derrotar os malfeitores, o jogador recebe "style points", que seriam pontos por "matar bonito". Com eles, o player pode comprar novos ataques, combos e habilidades para Nero, que resultam em novos movimentos exagerados e finalizações sem escrúpulos.

Para derrotar os adversários, Nero possui armas interessantes: as já conhecidas pistolas e uma espada com uma espécie de acelerador de moto na sua haste que, quando apertado, serve para aumentar a potência e eficiência dos golpes. Uma das novidades do jogo é um braço demoníaco de Nero, chamado de Devil Bringer, que possui poderes especiais. Com ele é possível puxar os inimigos, arremessá-los, socá-los no chão e agarrar as esferas azuis brilhantes que servem para escalar pontos mais altos do cenário.

Os cenários de DMC4 não fogem muitos aos dos outros games da série. Nero "passeia" por castelos, masmorras, templos, florestas, jardins, igrejas, cavernas, construções esquisitas e alguns outros lugares. Um dos problemas do jogo está na interação com os cenários, que é mínima. Fica a sensação de caminhar dentro de uma pintura sem poder tocá-la e alterá-la. O jogador pode apenas destruir bancos, cadeiras, latas de lixo e pequenas outras coisas.

Além da pouca interação, DMC4 sofre ainda com dois problemas que incomodam. O primeiro é o fato do jogador ser forçado a retornar aos cenários já visitados, quase sempre enfrentando os mesmos inimigos, o que torna o game pouco variado e repetitivo. A outra questão está relacionada à câmera, que as vezes atrapalha. Algumas mudanças bruscas de ângulo acabam entrando em conflito com o controle, fazendo com que Nero, que está indo para cima, acabe indo para baixo. Além disso, durante alguns combates, a câmera fica numa posição ruim, sendo bloqueada por objetos e atrapalhando a visão do jogador.

Avalanche demoníaca
Na epopéia, Nero deve, sempre com muito estilo, dizimar hordas de variadas criaturas demoníacas, como armaduras animadas, palhaços de estopa, lacraias, sem contar o gigantescos e assustadores chefes, que sempre aparecem no final das fases e tornam o personagem um ser ínfimo no cenário. Fica uma dica ao enfrentá-los: sempre use o Devil Bringer, que desencadeia ações especialmente violentas, que ajudam bastante a vencê-los.

Durante as fases, o jogador encontra algumas missões secretas, que não influenciam na história principal. Mesmo pouco variadas, elas costumam exigir muito do player, que deve, por exemplo, matar todos os inimigos do ambiente em um determinado tempo ou aniquilá-los com um golpe específico. Não fique frustrado se você não conseguir completar estas missões na primeira tentativa. Tenha paciência, pois a recompensa vale a pena.

Sony X Microsoft
O visual de Devil May Cry 4 é muito bonito, com cenários que parecem pinturas e animações dos personagens extremamente bem feitas. Os gráficos poderiam ser um pouco melhores, levando em consideração o poderio técnico do X360 e do PS3. Mesmo assim, as imagens em alta definição são limpas e agradam bastante.

As cenas não-interativas (que ligam pontos da história) têm o mesmo estilo cinematográfico dos DMC anteriores e também fazem jus à grandeza do game. Já o áudio está coerente com o jogo, com efeitos sonoros interessantes e músicas que misturam rock pesado com batidas eletrônicas.

Para a análise de Devil May Cry 4, usamos um Xbox 360 Elite e um Playstation 3 de 80 GB, ambos ligados a uma televisão de LCD de 40" Full HD por cabos HDMI. As diferenças visuais e sonoras são mínimas, quase imperceptíveis. As duas versões contam com as mesmas fases e inimigos, os mesmos níveis de dificuldade, sistema de ranking online (via Xbox Live e PS Network) e com os mesmos extras destraváveis.

A única diferença notável está no início. A Capcom decidiu que a versão para PS3 requer uma instalação de quase 5 GB no HD, visando diminuir os tempos de carregamento. Esta instalação demora cerca de 20 minutos. Na prática, os loadings do console da Sony são ligeiramente mais rápidos que os da Microsoft.

Avaliação técnica
Gráficos 4
Jogabilidade 4
Som 4
Entretenimento 4

Preço: R$ 239,90
Recomendado para maiores de 17 anos

Análise publicada nos jornais Estado de Minas e Correio Braziliense e no Portal Uai.

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