quinta-feira, 29 de maio de 2008

Homem de Ferro - Herói de lata

Mesmo com boas idéias, jogo decepciona pela falta de capricho e opções mais interessantes e variadas

Nos últimos anos, quando os grandes filmes do cinema se aproximam da estréia, os fãs de games já começam a ficar ansiosos com a chegada do jogo baseado no longa-metragem. Podemos citar três exemplos: Homem-aranha, Piratas do Caribe e Transformers. O mesmo aconteceu com o Homem de ferro, que atualmente está fazendo um enorme sucesso nas bilheterias de todo o mundo. O problema é que o grande potencial que um "game de filme" oferece quase sempre é desperdiçado pela pressa de lançar o jogo ao mesmo tempo, ou, até mesmo, um pouco antes da película. Esse é exatamente o caso de Homem de ferro, testado para Xbox 360, mas também disponível para Playstation 3, Playstation 2, PSP, PC, Nintendo DS e Nintendo Wii.

O título tem algumas boas idéias, mas visual abaixo da média. O áudio é mediano. A falta de opções multiplayer on-line e off-line e, principalmente, os controles imprecisos atrapalharam a vida do herói da Marvel nas telas dos videogames.

Para quem ainda não assistiu ao longa, a trama mostra uma reviravolta na vida de Tony Stark, magnata norte-americano da indústria armamentista. Depois de ser capturado por terroristas, que o forçam a construir um tipo especial de míssil, Stark percebe que as armas de sua empresa caíram nas mãos erradas. Então ele resolve combatê-los, criando, primeiro, uma armadura para sair do cativeiro. Depois de fugir, faz uma série de melhorias e aperfeiçoamentos na invenção, tornando sua "roupa"ainda mais forte e eficiente. Com o passar do tempo, ele acaba descobrindo quem realmente é o seu maior inimigo, mas não vale comentar para não estragar a surpresa de quem ainda não viu o filme. Um detalhe importante é que o herói precisa de um pequeno reator, alojado em seu peito, como fonte de energia para ficar vivo, e para dar forças à sua armadura.

O game começa exatamente na fuga de Stark do cativeiro. Com visão em terceira pessoa e ação focada nos combates, o jogo vai além do filme, apresentando uma série de eventos paralelos. Mesmo que isso quebre o roteiro, a idéia de fazer o Homem de ferro lutar contra vilões vistos apenas nos quadrinhos, como o Derretedor, o Chicote Negro e o Homem de Titânio, é muito boa. Para vencê-los, o protagonista pode voar, atirar com o repulsor, jogar mísseis (que são infinitos) e usar o Unibeam, poderoso raio que sai do peito do herói.

Outra idéia legal dos desenvolvedores foi a de customização da armadura, que pode receber diversas melhorias. Além disso, o jogador escolhe qual das funções da "roupa" vai receber mais energia. Por exemplo: no caso de um combate contra um chefe, o player programa a armadura para deixar as armas mais fortes. Caso o Homem de Ferro precise perseguir aviões, basta apertar um botão para a armadura concentrar boa parte da sua força nos propulsores das "botas" do herói. Ele pode também aumentar o seu "suporte de vida" (ficar mais resistente) ou valorizar seus golpes de proximidade (socos e agarrões). Ao terminar o game e vencendo algumas missões extras, é possível ainda desbloquear armaduras diferentes, que podem ser usadas dentro do jogo, como a Extremis, Classic, Classic Mark 1 e a Hulkbuster. O Xbox 360 tem ainda uma exclusiva, a Silver Centurion, e o PS3 outra, a Ultimate.

FALTOU CAPRICHO
Como você pôde ler, Homem de ferro apresenta boas idéias e um potencial incrível. Mas, diferentemente do filme, o jogo não é nem um pouco alucinante. O problema é que nada funciona da maneira que os jogadores queriam. A começar pelos controles, que são imprecisos e atrapalham no que seriam os dois melhores momentos do game: voar e atirar.

O próprio Homem de Ferro parece sem peso. Uma vez no chão, ele se move quase como um ginasta, devido à sua velocidade e agilidade - o que é bastante irreal. A câmera também não ajuda. É muito comum lutar contra um inimigo e acertar outro, fora os momentos em que alguma parte do cenário entra no campo de visão, dificultando tudo.

Os objetivos das fases são sempre muito parecidos, o que torna a aventura bastante repetitiva e pouco desafiadora. Na maioria das vezes, o jogador deve destruir tudo que vê pela frente, sem ter que pensar muito ou elaborar estratégias. É preciso também ficar atento para não ser atingido, principalmente pelos irritantes e "incansáveis" mísseis.

EXÉRCITO DE UM HOMEM
A inteligência artificial dos inimigos também não é das melhores. Eles podem ser vencidos facilmente, com exceção de poucos malfeitores, que são "menos fáceis". Infelizmente, o jogador não pode enfrentar "adversários reais", ou seja, jogar com outras pessoas ao mesmo tempo (online ou offline). Por causa disso, ele passa todo o tempo derrotando, sozinho, os oponentes.

Outro problema do jogo é o visual. O Homem de Ferro é até bem-feito, cromado, pintado com as cores clássicas (vermelho e amarelo) e com detalhes que causam boa impressão. O mesmo não pode ser dito dos cenários e da maioria dos inimigos. Mesmo em alta definição, eles são muito simples, pouco elaborados e possuem texturas malfeitas, passando a impressão de que o game "saiu do forno" antes da hora.

Os efeitos de luz também deixam a desejar. Outro ponto que atrapalha são as quedas de quadros de animação - mais uma mostra da pressa para lançar o game. Já as "cutcenes" - vídeos que ligam partes da história - são até legais, mas ainda assim poderiam ser melhores.

A parte sonora é apenas razoável. Os efeitos durante os combates, como tiros e explosões, são adequados. As músicas são comuns e não chamam a atenção. Já a dublagem, que contou com a participação de Robert Downey Jr., Terrence Howard e Shaun Toub (Tony Stark, coronel James Rhodes e Yinsen, respectivamente), foi bem-feita, embora ocorram alguns problemas de sincronia. O pior que poderia acontecer em um jogo de super-heróis é o jogador não se sentir super-poderoso. Infelizmente este é o caso de Homem de Ferro.

Análise publicada nos jornais Estado de Minas e Correio Braziliense e no Portal Uai.

Nenhum comentário: